Falando a sério, ao ler esta noticia do "Jornal I", segundo a qual um informático, de nome Carlos, foi internado, pela família, na ala psiquiátrica do hospital "Egas Moniz", por "passar demasiadas horas em frente ao computador", fiquei com o coração apertadinho. Pode acontecer a qualquer um de nós. Imaginem que, por algum motivo, alguém acha que não estão bem e arranja um mandato judicial para vos fazer o mesmo? É assustador. Carlos passou três meses entre a ntipsicóticos injectáveis e sedativos, a tentar, junto de um advogado oficioso, provar a sua "inocência". O seu único crime foi passar demasiado tempo a programar jogos para multinacionais europeias. Por isso quase não saía de casa. Tinha encomendas em atraso e os prazos eram apertados. Os pais acharam que isso não estava certo, que algo de muito errado se passava e decidiram actuar. Arranjaram uma ordem judicial e foi internado sem sequer ser visto convenientemente por um médico. As conclusões foram tiradas com base no depoimento da família e no que escrevia no Facebook. Ao alegar, desesperadamente, que não estava louco, respondiam-lhe: "Uma das características da sua psicopatologia é não ter noção do seu problema. Precisa ficar aqui para se tratar". Ficou com a vida destruída. Foi salvo pelos amigos que contrataram um advogado decente que provou a sua sanidade mental. Mas a experiência deixou-lhe marcas profundas. Entrou em depressão, da qual está a recuperar. Felizmente, já refez parte da sua vida e esteve em vários eventos nos Estados Unidos a divulgar projectos informáticos.
Tal como tinha dito, ao ler esta história, fiquei com o coração do tamanho de uma ervilha. Pode acontecer a qualquer um de nós e arruinar-nos todo o sempre. Como é que um país dito civilizado permite que se interne, compulsivamente e à revelia, uma pessoa sem qualquer tipo de problema psiquiátrico como se fosse um psicopata assassino? E, pior, por iniciativa dos próprios pais? Esses sim é que precisam de tratamento, porque alguém que faz uma coisa destas a um filho não pode estar bom da cabeça. Pelo sim, pelo não, já guardei o chapéu de Napoleão, já disse aos meus pais que estou bem e já os bloqueei do Facebook. Não vá o diabo tecê-las.
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