quarta-feira, 28 de maio de 2014

A Operação Stop e o Lobo

O dia até nem tinha começado mal. Estava sol, o Lobo tinha dormido cerca de nove horas [coisa rara e digna de assinalar], o pequeno-almoço tinha sido porreiro, as férias terminado em grande, e as baterias estavam recarregadas. Saí de casa cedinho, quando, junto a uma rotunda, o meu carro foi parado numa operação Stop.

Agente da Autoridade – “Ora muito bom dia senhora condutora, a senhora vinha a falar ao telemóvel”.
Lobo – “Muito bom dia Senhor Agente, por acaso vinha a cantar [com a minha harmoniosa e afinada voz de rouxinol]. Se quisesse falar ao telemóvel, utilizava o sistema de alta voz por Bluetooth, que vem incorporado no carro. Mas se tiver dúvidas pode verificar.
 Agente da Autoridade – “Pode-me mostrar os seus documentos por favor?
Lobo – “Aqui estão”.
Agente da Autoridade – Quem é o Senhor X?”
Lobo – “O Senhor X é o meu pai.”
Agente da Autoridade – “Mas falta-lhe aqui um papel. Porque é que não o tem consigo?”
Lobo – “Porque fui de férias e tive medo que acontecesse alguma coisa ao carro, pelo que retirei todos os documentos do seu interior. Quando voltei, esqueci-me de repor esse. Peço imensa desculpa.”
Agente da Autoridade – “Ahhh, foi de férias. E foi de férias para onde e com quem?
Lobo – “[Deves ter muita coisa a ver com isso, pensei]. Para o estrangeiro [esse destino idílico, que vai de Bebidorm ao Chile, e de Santiago de Compostela a Timor.], respondi, [já mais do que farta do interrogatório]. Olhe, afinal o tal papel está aqui. Pode conferir.”
Agente da Autoridade – “Muito bem. E costuma fazer este trajeto todos os dia? Vem a trabalho? O Que é que faz?
Lobo – “[Com um sorrizinho cínico nos lábios]. Felizmente não. Hoje vim a título excecional [e quanto ao resto, continuas a ter muito a ver com isso].”
Agente da Autoridade – “Pode sair do carro e mostrar-me o triângulo?”
 Lobo – “É claro, [não vão os alemães ter mandando o carro sem metade dos acessórios. E se for para me ver livre de si, de uma vez por todas, até lhe mostro o arsenal nuclear que costumo guardar na bolsa. Daqui a pouco está a pedir-me o número de telemóvel, não?].”

Ao ver o meu ar atrapalhado à procura da &%$$& do triângulo, e extremamente arreliado, de quem ia desatar a matar pessoas a qualquer momento, o Senhor Agente lá me deixou ir à vidinha. Entretanto, tinham-se passado vinte minutos, e, certamente, passado milhentas condutoras muito mais giras e simpáticas do que o Lobo.

PS – Será que insultar um “Agente da Autoridade” em pensamento, também é crime?

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