… o elevador era o meio de
transporte mais seguro do mundo. Ou melhor, vou mandar bater, porque não me
apetece sujar as mãos. E passo a explicar os motivos da minha fúria:
Domingo de manhã, acordar cedo,
perceber em que planeta estou. Caeser à espera, dia radioso de sol. Siga para a
caminhada matinal e, depois, para o almoço em família. Problema: Um dos
telemóveis ficou no carro. “Não há stress, eu vou busca-lo. E vou assim de
pantufas porque é só ir à garagem”. Que alminha pura e ingénua. No regresso,
quando estava, já no meu andar, oiço um estrondo. “Pronto, já foste, pensei. O
elevador encravou.” E tinha encravado mesmo.
“Tem calma. Está [quase] tudo bem. É só tocar
no botão da campainha e alguém há-de vir salvar-te”. Toquei uma, toquei duas,
toquei três. NADA. Tentei a linha de apoio e NADA. “Ok, pensa, pensa, pensa.
Respira fundo. Liga para casa. Ups, se calhar não liga. Os DOIS telemóveis
estão, aqui, na minha mão, e os outros estão sem som”. Tirado por quem? Quem
foi o imbecil que deixou a casa sem telefone? Quem foi? Quem foi? Quem foi? Eu
própria, já que queria dormir até tarde. Espetacular.
Comecei a dar murros na porta do
elevador, e NADA. Apenas consegui ouvir o meu próprio eco. Felizmente, ao fim
de umas 784379347534745 tentativas (pelo menos foi o que me pareceu, já que, na
realidade, devem ter sido umas duas ou três), lá me atendeu uma menina
simpática, a informar que a assistência ia sair de Lisboa e demorar uns 30 ou
40 minutos. “Venham e RÁPIDO, porque NÃO me estou a sentir nada bem”.
E efetivamente não estava. O
pânico de ninguém me ouvir, associado ao facto de não me atenderem a MERDA do
telefone, fez-me entrar em hipnose. Pelas costas e à má fila, as lágrimas
foram-se apoderando da minha pessoa. E tive a perfeita noção que estava a
perder o controlo da situação. Acho que já não me sentia assim desde o apertão
que levei no Rock in Rio 2008, durante o concerto de Muse, quando achei que
estava tudo ótimo, mas que ia ficar muito melhor quando fossemos para a frente
do palco [e quase morremos
esmagadas durante o Plug in Baby].
Voltando ao elevador, mesmo
depois de me terem atendido, só me consegui acalmar quando ouvi uma voz
conhecida a perguntar: “És tu quem está aí dentro? Estás bem? Tem calma, vou
buscar uma cadeira e faço-te companhia até os tipos da assistência chegarem.
Mas, primeiro, vou buscar qualquer coisa para comer. És servida?” [Ah, ah, ah. Que engraçado.].
Para animar a festa, e não
querendo entrar em teorias da conspiração, para se vingarem da ida forçada à piscoza, os técnicos aconselharam que
alguém fosse ao quadro elétrico desligar a energia do gingarelho. “Pode ser que a porta se abra”, diziam eles. Ahhh,
desculpas da tanga. Obviamente que esta dica genial e espetacular, não só não
funcionou, como piorou substancialmente a coisa. Senhores do elevador, se me
estão a ler, para a próxima chamem o Freddy Krueger ou o Chucky, o boneco
assassino, para me fazer companhia. Assim, o cenário do filme: “Terror no
Elevador” será muito mais realista.
Mas, pronto, ao fim dos tais 30
ou 40 prometidos minutos, os tipos da empresa lá apareceram e salvaram o Lobo
das garras do terrível e malévolo elevador. Para a posteridade, ficam as fotos,
sendo de notar que o prédio tem 6
andares e que as pantufas, oferecidas por mamã, são lindas e maravilhosas.
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