O Verão está à porta. Este é o momento em que [quase] toda a gente se lembra de que se esqueceu de tratar das férias. Orçamento, destino, escolher o feliz contemplado [otário] para cuidar do cão, do gato, do periquito, eis chegada a altura de dar cumprimento à difícil tarefa de “alapar numa praia espetacular sem ninguém a chatear”. No entanto, existe um pormenor muito importante que, muitas vezes, é deixado para segundo plano: a companhia.
Viajar é um assunto sério. Implica mudança de rotinas, estar 24 sobre 24 horas com as mesmas pessoas, e, consequentemente, lidar com os defeitos e as virtudes de cada um. Exige paciência e flexibilidade porque nem sempre as vontades são conjugáveis. Escolher entre uma tour de jipe ou de barco. Jantar sushi ou comida típica. Passar o dia na praia ou na piscina. Estas parecem, à primeira vista, opções simples, mas, quando se está a gastar os tostões amealhados com sangue, suor e lágrimas, e se quer aproveitar ao máximo, podem tornar-se complicadas já que ninguém quer gramar um frete só para fazer a vontade ao outro. Pessoalmente já me aconteceu. Não estou mesmo a falar de cor, porque já passei por um filme destes [e sem pagar bilhete]. Imaginem um sítio paradisíaco, no outro lado do planeta, com um clima do outro mundo, tornar-se num verdadeiro inferno porque levei a pior companhia do universo. A pessoa não se calava. Estava sempre a reclamar de tudo. Da chuva, do sol, do vento, da terra estar a girar para aquele lado. Moral da história: NUNCA mais quero ver aquela criatura à frente. Arruinou-me as férias ao ponto de quase ter tido uma apoplexia nervosa e de a ter afogado no Indico. Por isso, meus amigos, antes de viajar, reflitam bem sobre os gostos e as vontades de quem vai convosco. E tentem prever se a coisa vai correr bem. A não ser que queiram perder um amigo. Aí, sim, levem-no de férias.
(Texto originalmente publicado no Blog Leopardo às Riscas, a 27 de Maio de 2015)
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