Aproxima-se,
a passos largos, um dos mais assustadores e aterradores momentos do ano: 8 de Março,
o “Dia” da Mulher. O qual, segundo a Wikipédia, foi criado, na viragem para o
século XX, com o objetivo de assinalar a luta das mulheres pelo acesso ao voto e
pela igualdade de direitos. Até aqui está tudo muito certo. O problema é que,
um século depois, a coisa descambou e o sentido da “comemoração” culminou num
jantar de gajas histéricas com música ao vivo e um moço despido [vulgo
stripper] a animar as
hostes. Não fiquem com esse ar
escandalizado. Esta é a realidade dura e crua, tal e qual como ela é. Para a
maior parte das senhoras que participam no dito evento, o mesmo tornou-se no happening do ano. Aquele pelo qual
suspiram, ardentemente, por entre tachos e panelas os restantes doze meses. Até
lá, muitas vezes, anulam-se, esquecem-se de si, armam-se em falsas moralistas,
mas no 8 de Março têm que vestir o seu traje mais aprumado, sair do armário, e
dar asas ao histerismo e à rebaldaria. E porquê? Porque é o “8 de Março”. E no
“8 de Março” pode. No resto do ano têm que se comportar como donas de casa
recatadas. Espetacular, não é? Por outro
lado, uma das coisas que também odeio nesta “comemoração” é a condição redutora
que nos dá, a nós mulheres. Existe o “Dia do Animal”, o” Dia Mundial do Leproso”
e…. o “Dia Internacional da Mulher”. Tenham dó. E o “Dia do Homem”, não existe
porquê? E o “Dia do Género não definido”?
E o “Dia do Traveca”? A sério. Mas o
mais grave é vê-las alinharem e alimentarem, felizes e contentes, este carnaval
de mau gosto. Isso é que me deixa tristemente aborrecida com as minhas
congéneres de género. E não pensem mal do #lobo. Sou realmente pela igualdade
de direitos. Mas enquanto “Eles” não tiverem um dia internacional e não se
juntarem com os amigos no restaurante, com uma moça despida em cima da mesa,
para se embebedar e fazer figuras tristes, também não alinho na macacada. Ahhh,
calma. Eles não precisam de um dia. Eles fazem este “número” à mesma. Mas, seja
como for, enquanto não for oficial, não alinho. Até lá, o “Dia da Mulher” vai
continuar a ser contra tudo aquilo em que acredito, e façam-me um grande favor:
Se são realmente adeptas da igualdade de direitos, dêem-se ao respeito e preservem-se desta fantochada. Por
cada uma de nós.
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