Se
o Adolfo Luxuria Canibal tivesse escolhido Marrocos, ao invés da
Hungria, para se embebedar, a mais famosa música dos Mão Morta seria,
seguramente, sobre: “As Noites de Marraquexe”, ao invés de Budapeste. Tal como
vos tinha prometido na “Crónica da Viagem”, a noite das Arábias que vivemos
merece um post a rigor.
Após
a aterragem sob o exuberante nascer do sol africano, e a atribulada chegada ao Riad,
descansámos parte do primeiro dia e acordámos fresquinhos, prontos para
descobrir os encantos nocturnos da cidade. Confesso que sempre associei
Marrocos a camelos; dormidas no deserto; berberes; burcas; aquisição
tresloucada de tapetes; candeeiros, e outras quinquilharias. Agora,
ir para os copos foi coisa que nunca me passou pela cabeça. Até porque
estávamos num país muçulmano. Por isso, a preparação da viagem não incluiu
discotecas [ou boates como
diziam os nossos avós].
Levei informação sobre os melhores bares e restaurantes, mas os Night
Clubs passaram-me totalmente ao lado. Felizmente, o gingarelho chamado
Ipad tornou-se numa espécie de terceiro elemento nas nossas vidas, o que deu um jeitasso
[e
quase me fez arrepender de estar sempre a falar mal dele].
A
Noite de Marraquexe tem diversas opções: Pacha; Nikki Beach; Le Tanjia; Bô
& Zin; Comptoir, etc. Contudo, há uma que brilha mais do que todas as
outras. Até porque o diabo não vive ao lado. Vive mesmo lá dentro. De seu nome
“Theatro”, é uma verdadeira casa de diversão, perdição, magia e de má vida.
Situado na zona nova da cidade, junto aos Casinos e aos hotéis 5*, consiste, basicamente,
num antigo Teatro, dos anos 60, convertido em Night Club. A entrada custa 200 Didis
[aka Dirhams], cerca de vinte euros, com direito a
uma bebida. “Para um país do terceiro
mundo, é a puxar para o carote. Mas siga, lá vamos nós levar outra banhada”,
pensei. Quando entramos, estava meio vazio e a ideia de termos enfiado um barrete
não me saía da cabeça. No entanto, ao fim de meia hora, nem queria acreditar no
Festão que se estava a montar. Começaram a chegar hordas de miúdas estrageiras,
do tipo “capa de revista”, e de cavalheiros a condizer. As garrafas de Vodka “Grey
Goose” não paravam de estoirar nas mesas, sendo que cada uma custava cerca de
300 euros. Nem o Lux em dia de Perdição tinha tanto andamento. Elas, de
mini-vestidos e mini, mini calções. “Ehh
láa. P0ara um país muçulmano, andamos muito libertinos”, pensei. As
malas Chanel, os Louboutin, Jimmy Choo e
afins, circulavam à minha volta como as Louis
Vuitton na Feira de Carcavelos. E o Lobo [triste e infeliz] vestido meio à turista pobrezinho,
só com umas sandalinhas de salto, para dar um toque arranjado, a ver este espectáculo.
O armário cheio de coisinhas boas, tinha ficado na tugolândia e não havia nada
a fazer. A verdade é que não tinha ido preparada para aquilo. De qualquer
forma, curti como se não houvesse amanhã.
O espaço é enorme, muito bem decorado, cheio
de efeitos visuais e os barmans são impecáveis. Usavam camisa aberta e papillon
descaído, e transportavam as garrafas em cima da cabeça, o que achei
absolutamente genial. E a noite nunca teve pontos mortos. Havia sempre algo de
novo a acontecer. Os DJS sempre a mudar, os cantores de Hip Hop, uma companhia
de circo veneziana, japoneses vestidos de Michael Jackson, a DJ Americana que
cantava como a Beyoncé Aconteceu de tudo lá dentro. E os seguranças tinham uma
forma genial de travar os aspirantes a desordeiros: apontavam-lhes com um lazer
verde e cara de poucos amigos.
Só
ao fim de um bocado é que percebi que as meninas, andavam, por conta própria, à
procura de um Árabe rico que quisesse passar momentos felizes a troco de alguns
milhares de Didis. Obviamente que me
fartei de rir a ver aquele trabalho. Porque era tudo feito com classe e
descrição. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, aqui fica o report para tirarem as Vossas próprias
Conclusões. Mas não vão a Marraquexe sem sair à noite no “Theatro”. Em Lisboa
não existe nada que chegue aos calcanhares deste sítio, por isso já decidi: A
próxima vez que for a Marrocos, é só para sair à noite e dormir de dia. Que se
lixem os Camelos.
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