segunda-feira, 14 de abril de 2014

À Volta da India #1 – O Dia em que o Lobo decidiu que era um gajo rijo

Não questiones o que vires, nem tentes fazer nenhuma comparação com a China. E prepara-te, porque vais ter que te comportar como um homem rijo”. [homem, oi?]

Foram estas as palavras do meu irmão quando confirmei a minha viagem para a India. Há alguns meses a viver em Bangalore, no Sul do país, sabia bem do que falava. Pobreza, miséria extrema, esgoto a céu aberto, luxo imaginável, a magia e o encanto do Oriente. Para uns, o destino de sonho, a viagem de uma vida. Para outros, um verdadeiro “Circo dos Horrores” e um país a evitar.

Confesso que a minha decisão não foi difícil, já que tinha alguém muito querido a viver lá, e estava a morrer de saudades. Em relação ao destino em si, e apesar de o Lobo ser um grande fã da Ásia, como, e muito bem, referiu a leitora Maria de Lurdes, existiam um sem fim de países que queria visitar primeiro, nomeadamente, e na altura estava quase tudo certo para ir, Moçambique e o Parque Nacional da Gorongosa.

Mas, infelizmente, não se pode ter tudo, e acabei por optar pela India. À minha boa moda, só confirmei com quatro semanas de antecedência, o que quer dizer que estava tudo por fazer: definir o itinerário da viagem; marcar os voos; ir à consulta na medicina do viajante; tratar do visto; mentalizar-me que podia morrer, e, com isso, tornar o meu irmão num rico herdeiro [lol].
Chegar a um consenso não foi fácil. Eu queria ir aos Himalaias e a Querala. Já o “sangue do meu sangue” preferia Varanasi e Madhya Pradesh, onde fica o templo do “Kama Sutra”. Como a viagem ia durar, apenas, três semanas, e escrevo “apenas” porque a India é um país tão vasto que três meses não chegam para o conhecer, optamos por ser práticos e não “andar às voltas”. Nova Dehli; Jaipur; Fatephur Sikri; Agra; Varanasi; Mumbai e Goa, acabaram por ser os locais escolhidos.

Questão seguinte: marcar os bilhetes de avião. Como todos nós sabemos, em teoria, quanto maior for a antecedência da marcação da viagem, mais barata fica. Na altura, os voos para Nova Delhi custavam uma fortuna. O mais barato, na Swiss Air, ficava em €840. “Pronto, já me lixaram, pensei. Lá vou ter que vender o rim. Cambada de chulos. Mas eles pensam que eu sou quem? Filha do Onassis???”. Confesso que não tive coragem de marcar logo. Fui adiando e acompanhando a evolução dos preços. Três semanas antes da data da partida, quando estava já no dead, e a receber, constantemente, mensagens como: “Então como é a nossa vida. Marcas ou não marcas?”, lá ganhei vergonha na cara e comprei os bilhetes. [Vindo da pessoa que marcou viagem para a Indonésia com 9 dias de antecedência, até foi um timing porreiro, mas o Lobo é sempre mal compreendido].
Lisboa – Munique – Nova Delhi, preço € 393. Perguntam vocês, meus caros 5.75 leitores, como é que o Lobo fez o brilharete de poupar mais de metade no ticket do avião? Porque, sabe-se lá por alma de quem, a Lufthansa fez uma mega promoção. Às vezes, o “deixa andar” é como o crime: compensa.   

Concluída a questão prioritária, dei corda aos sapatinhos e fui tratar do visto. Passaporte, duas fotos tipo passe, € 52, e, em quatro dias, ficou pronto. Só estava a faltar uma coisa: a “Medicina do Viajante”.

O Lobo não é o maior fã do mundo de agulhas e hospitais, mas, a contragosto [e depois de a mamã me ter sarrazinado o juízo}, lá marquei consulta no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal. Já tinha ido quatro vezes à Asia sem nunca colocar os saltos em tão ilustre local. Só que, desta vez, achei por bem não facilitar [e evitar a volta dentro de um saco preto]. O médico era simpático, a enfermeira uma amiga de longa data, e ambos deram-me uma lição muito importante. Para começar a conversa, explicaram-me, por A+B, que ter ido à Ásia sem fazer a profilaxia da Malária, foi uma idiotice quase tão grande como as “xuxas” [descaídas] da Bernardina. Por outro lado, os  reforços do Tétano e da Hepatite B deveriam ter sido feitos há  478458747845 triliões de anos, o que era quase tão mau como os modelitos da Sofia do SS4. [Ahhh e o Lobo ainda vai comentar a farpela que a criatura usou para a festinha de aniversário da filha].  Além destas foram-me, igualmente, administradas as vacinas da Hepatite A, Poliomielite, e Febre Tifóide.

Dias depois, haveria de agradecer aos santinhos a ida a esta consulta.

1 comentário :

  1. Como compreendo as palavras do teu mano...Esse país tão especial... Foi lá a Lua-de-Mel volto lá assim que conseguir!

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