“Não questiones o que vires,
nem tentes fazer nenhuma comparação com a China. E prepara-te, porque vais ter
que te comportar como um homem rijo”. [homem, oi?]
Foram estas as palavras do meu
irmão quando confirmei a minha viagem para a India. Há alguns meses a viver em
Bangalore, no Sul do país, sabia bem do que falava. Pobreza, miséria extrema,
esgoto a céu aberto, luxo imaginável, a magia e o encanto do Oriente. Para uns,
o destino de sonho, a viagem de uma vida. Para outros, um verdadeiro “Circo dos
Horrores” e um país a evitar.
Confesso que a minha decisão não
foi difícil, já que tinha alguém muito querido a viver lá, e estava a morrer de
saudades. Em relação ao destino em si, e apesar de o Lobo ser um grande fã da Ásia,
como, e muito bem, referiu a leitora Maria de Lurdes, existiam um sem fim de
países que queria visitar primeiro, nomeadamente, e na altura estava quase tudo
certo para ir, Moçambique e o Parque Nacional da Gorongosa.
Mas, infelizmente, não se pode
ter tudo, e acabei por optar pela India. À minha boa moda, só confirmei com
quatro semanas de antecedência, o que quer dizer que estava tudo por fazer:
definir o itinerário da viagem; marcar os voos; ir à consulta na medicina do
viajante; tratar do visto; mentalizar-me que podia morrer, e, com isso, tornar
o meu irmão num rico herdeiro [lol].
Chegar
a um consenso não foi fácil. Eu queria ir aos Himalaias e a Querala. Já o
“sangue do meu sangue” preferia Varanasi e Madhya Pradesh, onde fica o templo
do “Kama Sutra”. Como a viagem ia durar, apenas, três semanas, e escrevo
“apenas” porque a India é um país tão vasto que três meses não chegam para o
conhecer, optamos por ser práticos e não “andar às voltas”. Nova Dehli; Jaipur;
Fatephur Sikri; Agra; Varanasi; Mumbai e Goa, acabaram por ser os locais
escolhidos.
Questão
seguinte: marcar os bilhetes de avião. Como todos nós sabemos, em teoria,
quanto maior for a antecedência da marcação da viagem, mais barata fica. Na
altura, os voos para Nova Delhi custavam uma fortuna. O mais barato, na Swiss
Air, ficava em €840. “Pronto, já me lixaram, pensei. Lá vou ter que vender o
rim. Cambada de chulos. Mas eles pensam que eu sou quem? Filha do Onassis???”. Confesso
que não tive coragem de marcar logo. Fui adiando e acompanhando a evolução dos
preços. Três semanas antes da data da partida, quando estava já no dead, e a receber, constantemente,
mensagens como: “Então como é a nossa vida. Marcas ou não marcas?”, lá ganhei
vergonha na cara e comprei os bilhetes. [Vindo da pessoa que marcou viagem para a Indonésia com 9 dias
de antecedência, até foi um timing
porreiro, mas o Lobo é sempre mal compreendido].
Lisboa
– Munique – Nova Delhi, preço € 393. Perguntam vocês, meus caros 5.75 leitores,
como é que o Lobo fez o brilharete de poupar mais de metade no ticket do avião? Porque, sabe-se lá por
alma de quem, a Lufthansa fez uma mega promoção. Às vezes, o “deixa andar” é
como o crime: compensa.
Concluída a questão prioritária,
dei corda aos sapatinhos e fui tratar do visto. Passaporte, duas fotos tipo
passe, € 52, e, em quatro dias, ficou pronto. Só estava a faltar uma coisa: a “Medicina
do Viajante”.
O Lobo não é o maior fã do mundo
de agulhas e hospitais, mas, a contragosto [e depois de a mamã me
ter sarrazinado o juízo}, lá marquei consulta no Hospital de S.
Bernardo, em Setúbal. Já tinha ido quatro vezes à Asia sem nunca colocar os
saltos em tão ilustre local. Só que, desta vez, achei por bem não facilitar [e evitar a volta dentro de um saco
preto]. O médico era simpático, a enfermeira uma amiga de longa data, e
ambos deram-me uma lição muito importante. Para começar a conversa,
explicaram-me, por A+B, que ter ido à Ásia sem fazer a profilaxia da Malária,
foi uma idiotice quase tão grande como as “xuxas” [descaídas] da Bernardina. Por outro lado, os reforços do Tétano e da Hepatite B deveriam
ter sido feitos há 478458747845 triliões
de anos, o que era quase tão mau
como os modelitos da Sofia do
SS4. [Ahhh e o Lobo ainda vai
comentar a farpela que a criatura
usou para a festinha de aniversário da filha]. Além destas foram-me, igualmente,
administradas as vacinas da Hepatite A, Poliomielite, e Febre Tifóide.
Dias depois, haveria de agradecer
aos santinhos a ida a esta consulta.
Como compreendo as palavras do teu mano...Esse país tão especial... Foi lá a Lua-de-Mel volto lá assim que conseguir!
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