sábado, 20 de dezembro de 2014

Aeroporto de Lisboa – O Terminal da Saudade


Quem me segue no instagram e no facebook percebeu que, na quinta-feira à noite, fui ao Aeroporto da Portela buscar o meu irmão, que chegou de Londres, onde vive há mais de um ano, para uma curta estadia em Portugal. Aconteça o que acontecer, o Natal é a festa da família. Por isso estamos sempre juntos. Para não variar, o voo atrasou duas horas. Mesmo assim não foi muito mau. Há três anos a espera durou sete. A neve reteve os aviões em Bruxelas e tememos o pior. Enquanto esperava, observei as pessoas à minha volta. Dezenas de famílias, cheias de expetativas e saudades. Uma mãe não via a filha há mais de dois anos. Estava a trabalhar no Brasil e só agora tinha reunido condições para voltar a Portugal. Outro pai tinha o filho a estudar na Noruega e contava a alguém o sacrifício em pagar o Erasmus, que acreditava ser o passaporte para um futuro melhor. Uma senhora esperava pelo marido que trabalhava nas obras em Angola. Ouvi-a confidenciar a uma amiga [?] que suspeitava que ele tinha lá outra. Talvez até com filhos. Mas não estava em condições de terminar o casamento. Precisava do dinheiro. Sozinha não conseguia pagar as contas e a faculdade dos miúdos. Desinteressei-me das conversas quando o meu telemóvel vibrou. Era um WhatsApp a dizer: “Aterrei”. Levantei-me e acampei ao pé da rampa da “Martini”. Obviamente que seria a primeira a beija-lo. À medida que os passageiros dos outros voos chegavam, os gritos de alegria multiplicavam-se. Misturados com lágrimas. Todos nós sabemos que os dias são curtos para tantas saudades. Mas, ainda assim, é melhor do que nada. De repente, o Aeroporto encheu-se de malas, presentes e muitas histórias para contar. As crianças corriam, entusiasmadas, para os braços dos avós, dos tios, dos familiares. Dois gémeos, vestidos de mini Pai Natal, fizeram as delícias dos presentes. E a minha vez nunca mais chegava. Pela roupa dos passageiros tentava, em vão, perceber a origem do voo. Mas ele já cá estava. Isso era certo. Essa já ninguém me tirava. E, de repente, chegou. Com um sorriso rasgado nos lábios. Estava exatamente como o deixei em Setembro. Parecia que tinha sido na véspera, mas foi há três meses. O meu pai abraçou-o. Já não se viam há um ano. Estiveram ambos fora. O trabalho tem destas coisas. A alegria que vi nos olhos dos dois foi inexplicável. O Terminal da Portela é pequeno para tanta saudade. Agora, só nos resta aproveitar. Daqui a pouco já estamos de volta para o ver partir. 

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